OS MODOS DE PRODUÇÃO E A SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO
GRUPO: POLITICAMENTE CORRETAS
Integrantes: Alessandra Lima dos Santos
Ana Maria Avelino Freire
Carmem Élica da Silva Rios
Laís de Lima Nunes Magalhães
Regina Célia Coutinho Veneno
Suzana Queiroz de Araujo
Muito se tem falado, hoje em dia, na Sociedade da Informação, e na sua irmã, a Globalização. Ambos os conceitos ainda não apresentam uma definição única e aceita por todos. São conceitos ainda em elaboração, podendo adquirir sentidos diversos dependendo do contexto em que são utilizados. Alguns aspectos, no entanto, já se encontram sedimentados.

Tendo a Sociedade de Informação como referência, nota-se que as necessidades de qualificação profissional e acadêmica mudaram consideravelmente. Avalia-se que são elementos chaves do progresso das Sociedades de Informação: a informação tecnológica, o conhecimento científico e a criatividade, alterando o perfil dos profissionais que passam a ter que desenvolver competências e habilidades especiais fundamentais à sua participação produtiva nessa sociedade. São exigências atuais da Sociedade de Informação: uma formação ampla, especializada, espírito empreendedor e criativo (empreendorismo), atualização constante (empregabilidade), capacidade para resolução de problemas e realização de multitarefas, além do domínio de várias línguas estrangeiras.
Diante desse quadro, dois pólos distintos precisam ser avaliados: de um lado temos a Educação e de outro lado os Modos de Produção utilizados pelas empresas. As questões a serem discutidas referem-se a se a Educação atual possibilita a inserção dos jovens e adultos na sociedade de Informação e se os modos de produção utilizados pelas empresas estão adequados à Sociedade de Informação.
EDUCAÇÃO

O Brasil encontra-se num estágio muito fraco em relação à educação em comparação com os demais países, não só na Taxa de Analfabetismo como também em relação à média de anos na escola, além de não atender às próprias necessidades de mão de obra. É muito importante que o país mantenha uma política voltada para a Educação visando alcançar os objetivos estabelecidos.
MODOS DE PRODUÇÃO
TAYLORISMO E FORDISMO
Frederick Taylor em seu livro "Princípios de Administração Científica" apresentou um conjunto de técnicas baseadas nos estudos de tempos, métodos e movimentos visando à racionalização do trabalho cujo objetivo principal era o aumento da eficiência ao nível operacional. Estabeleceu que os trabalhadores deveriam ser organizados de forma hierarquizada e sistematizada, e cada um desenvolvendo uma atividade específica no sistema produtivo da indústria. No Taylorismo o trabalhador é monitorado de forma a cumprir os tempos e movimentos estabelecidos para a sua atividade.
O Taylorismo é um modelo de produção que vem consolidar o processo capitalista onde o trabalhador perde a autonomia e a criatividade acentuando a dimensão negativa do trabalho. Consiste ainda na dissociação do processo de trabalho das especialidades dos trabalhadores, ou seja, o processo de trabalho deve ser independente do ofício, da tradição e dos conhecimentos dos trabalhadores, mais inteiramente dependente das políticas gerenciais. Taylor separa a concepção (cérebro, patrão) da execução (mãos, operários). Nega ao trabalhador qualquer manifestação criativa ou participação.
Como sujeitos deste processo, precisamos refletir sobre estas questões com um olhar crítico. Hoje na escola percebemos os reflexos do Taylorismo no tecnicismo, na fragmentação do ensino, na competição, na hierarquização, na organização do tempo das disciplinas. Estes critérios têm se mantido na escola com a finalidade de produzir mão de obra para a ideologia dominante formando pessoas que apoiem esta ideologia e sirvam a ela.
Não podemos esquecer que a educação para a modernidade precisa ser feita por pessoas que, na prática diária da cidadania, entendam o mundo em que vivem e suas alterações tecnológicas, entendam suas características pessoais que os humaniza e entendam as verdadeiras necessidades do povo.
A influência do Taylorismo na educação moderna gerou alguns problemas que precisam ser revistos. Para reverter este quadro, a escola precisa produzir sujeitos que saibam romper com este processo excludente de maneira consciente e reflexiva, em todas as estâncias em que participam, seja no seu espaço autônomo como nos sistemas educacionais que frequentam na busca da formação integral, recurso básico para o exercício da cidadania, livre da fragmentação da consciência, do indivíduo e da sociedade.
Henry Ford, pioneiro da indústria automobilística, dando prosseguimento à teoria de Taylor, desenvolveu um processo industrial, baseado na linha de montagem, visando gerar uma grande produção a ser consumida em massa. O Fordismo representa uma racionalização da produção capitalista baseada em inovações técnicas e organizacionais visando a produção e o consumo em massa. Um dos aperfeiçoamentos introduzidos foram as esteiras rolantes que movimentavam os veículos em montagem enquanto os trabalhadores permaneciam estáticos, introduzindo uma extrema divisão do trabalho cujo objetivo era a eliminação do movimento inútil.
Outra característica fundamental do Fordismo é a radical separação entre concepção e execução, onde poucos pensam e a maioria executa um trabalho fragmentado e simplificado, requerendo pouca formação e treinamento dos trabalhadores.
O Fordismo foi o sistema de produção que mais se desenvolveu no século XX, sendo responsável pela produção em massa de mercadorias das mais diversas espécies.
Enquanto para os empresários o Fordismo foi positivo, para os trabalhadores ele gerou alguns problemas como, por exemplo, trabalho repetitivo e desgastante, além da falta de visão geral sobre todas as etapas de produção e baixa qualificação profissional. O sistema também se baseava no pagamento de baixos salários como forma de reduzir custos de produção.
O filme "Tempos Modernos", de Charles Chaplin (1936) faz uma crítica contundente ao Taylorismo/Fordismo. O filme apresenta as principais caraterísticas desse modelo de produção como:
- A esteira rolante que impõe o rítmo de trabalho;
- A divisão extrema do trabalho com cada trabalhador executando um único movimento repetitivamente;
- A tentativa de eliminação do movimento inútil representada pela "sopeira automática" destinada a abreviar o tempo de lanche, que para o industrial é considerado um tempo morto, não produtivo e
- O monitoramento constante do trabalhador, através das telas virtuais, que atinge o trabalhador não somente na linha de produção, mais também em seus momentos de privacidade.
Depois de apresentar o trabalhador exposto a todas essas situações, o personagem principal tem um surto nervoso evidenciando o caráter estressante e desumano desse tipo de trabalho onde é subtraída do trabalhador sua dimensão humana. O trabalhador é visto como uma máquina, uma peça da engrenagem e Charles Chaplin evidencia isso na célebre cena em que o trabalhador é literalmente engolido pela máquina.
Outro aspecto interessante do filme é a utilização do "vagabundo" (The tramp) como personagem principal porque demonstra que o Fordismo requer pouca formação educacional e quase nenhum treinamento dos trabalhadores, possibilitando uma fácil substituição da mão de obra.O sistema de produção Taylorista/Fordista não atende e nem tem possibilidade de vir a atender aos requisitos da Sociedade de Informação porque implica em características opostas àquelas da Sociedade de Informação. O Taylorismo/Fordismo preconiza um trabalhador com um nível de escolaridade mínima, subalterno, passivo e desencorajado a tomar iniciativas. Além disso, pela padronização do trabalho, trata os indivíduos como um grupo, não reconhecendo variação entre eles e impossibilitando a identificação de possíveis líderes.
No Brasil ainda encontramos empresas, principalmente na agricultura e na construção civil, que operam utilizando características do Fordismo, como a divisão do trabalho, a separação entre elaboração/controle e execução e exigindo uma escolaridade mínima dos trabalhadores. São empresas que se encontram na contra mão da modernidade, mais, ao mesmo tempo, correspondem a uma necessidade do País, já que o nível de escolaridade dos trabalhadores ainda é muito baixo. A existência dessas empresas garantem um menor nível de desemprego no País.
TOYOTISMO E VOLVISMO
O Toyotismo é um sistema de organização, criado no Japão pelo engenheiro japonês Tauchi, voltado para a produção de mercadorias e aplicado na fábrica da Toyota.
São características do Toyotismo:
- Mão de obra multifuncional e bem qualificada. Os trabalhadores são educados, treinados e qualificados para conhecer todos os processo de produção, podendo atuar em várias áreas do sistema produtivo da empresa, na contra mão do Fordismo que preconiza funções únicas e restritas. Para atingir essa multifuncionalidde os japoneses investiram na educação e qualificação dos trabalhadores;
- Sistema flexível de mecanização, voltado para a produção somente do necessário, evitando ao máximo o excedente. A produção deve ser ajustada à demanda do mercado, contrariando o Fordismo que defendia a produção em massa;
- Uso de controle visual em todas as etapas de produção como forma de acompanhar e controlar o processo produtivo;
- Implantação do sistema de qualidade total em todas as etapas de produção., Além da alta qualidade dos produtos, busca-se evitar ao máximo o desperdício de matérias-primas e tempo. No Fordismo de produção em massa o controle de qualidade é realizado por amostragem;
- Aplicação do sistema Just in Time, ou seja, produzir somente o necessário, no tempo necessário e na quantidade necessária;
- Uso de pesquisas de mercado para adaptar os produtos às exigências dos cliente. Absolutamente oposto ao Fordismo da produção em massa.
O Volvismo é originário da fábrica Volvo, na Suécia, na década de 60. A indústria sueca tinha características marcantes como o altíssimo nível de informatização, mão de obra altamente qualificada e a presença atuante de organismo de defesa dos trabalhadores. Essas características fizeram com que, no Volvismo, a participação dos trabalhadores fosse ainda maior do que no Toyotismo. É o trabalhador quem determina o rítmo das máquinas, conhece as etapas de produção, é constantemente reciclado (empregabilidade) e participa nas decisões sobre o processo de montagem da fábrica (empreendedorismo).
Pelas características do Toyotismo e do Volvismo pode-se claramente identificá-los como modos de produção mais próximos das necessidades da Sociedade deInformação. Exigem um nivel de escolaridade muito maior do que outros sistemas de produção, cada trabalhador desempenha múltiplas tarefas, com pensamento crítico e algum grau de decisão e a valorização do trabalho e a premiação por méritos são práticas desenvolvidas por estes sistemas tornando o trabalho adequado para um ser humano autônomo, maduro e emancipado.
Entretanto, não se pode deixar de avaliar até que ponto essa emancipação e autonomia poderão se desenvolver na prática, dentro de uma empresa. Se por um lado o empresário deseja trabalhadores capazes de capacidade crítica em relação ao trabalho desenvolvido, gerando mais lucros para a empresa, por outro lado essa mesma capacidade crítica pode provocar reivindicações econômicas, sociais e políticas, que ultrapassem a disposição dos empresários.Outro aspecto em relação ao Toyotismo/Volvismo é que ele implica em um menor número de trabalhadores com salários maiores e escolaridade muito alta, o que pode não ser a melhor opção, dependendo do desenvolvimento do País. No Brasil, dado a baixa escolaridade dos trabalhadores de um modo geral, esse sistema de produção não pode ser desenvolvido em larga escala porque implicaria na necessidade de importação de mão de obra (processo que geraria novos problemas) e, internamente, provocaria um nível de desemprego muito grande.
Nesse contexto cabe reafirmar a necessidade de políticas públicas educacionais que, efetivamente, contribuam para a educação unitária, não mais dual, voltada para a formação do cidadão autônomo e emancipado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário